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quinta-feira, maio 03, 2007

Apenas mais quatro dias...

Johnny Suxxx & the Fucking Boys
Foto: Bernardo Borghetti


Feriado prolongado caseiro, com visitas amigas, peixe e churrasco, cerveja belga, nenhuma badalação e, quase no fim da folga, uma péssima notícia. Dona Benedita, minha avó, morreu.

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# O Johnny Suxxx & the Fucking Boys disponibilizou uma prévia de Make Up and Dream, disco que faz comédia com o nome primeiro EP do Violins, o Wake Up and Dream, e deve conhecer a luz do mercado em brevíssimo. Essa amostra é composta por quatro canções das boas, cheias de guitarras rascantes, canalhice hard-rock e feeling auto-destrutivo. As quatro músicas você pode escutar e adquirir na página do grupo no MySpace. Essa aqui ó: http://myspace.com/johnnysuxxx


# O MqN, que na segunda feira passada ocupou, aqui em Goiânia, o palco da Hora do Rock, ao lado da Bang Bang Babies, lá no República Studio, está de saída para um rolé pelo Brasil. A partir de amanhã o quarteto mais candente do novo rock nacional inicia uma série de shows pelo nordeste. Depois de 4 apresentações voltam pra Goiânia, para o Bananada, em seguida fogem para o sudeste, retornam ao centro-oeste e , por fim, sobem para o norte do país. Em Goiânia, Bê-Agá e São Paulo, o MqN se acompanhará do grupo lusitano Born A Lion. Confere aí:

"NEM TENTE FUGIR, BABY! EU ESMAGAREI SEUS OSSOS!"
04/05 - Superdrive - órbita bar - Fortaleza - CE
04/05 - Prévia Ponto.CE - Hey Ho Rock Bar - Fortaleza - CE
05/05 - Festival MADA 2007 - Arena do Imirá - Natal - RN
06/05 - Lançamento do CD da Vamoz - Down Town Pub - Recife - PE
19/05 - Festival BANANADA 2007 - Martim Cererê - Goiânia - GO
23/05 - Tour MQN + Born A Lion - Bolshoi Pub - Goiânia - GO
24/05 - Tour MQN + Born A Lion - A Obra - Belo Horizonte - MG
25/05 - Tour MQN + Born A Lion - CB Bar - São Paulo - SP
26/05 - Tour MQN + Born A Lion - Inferno Club - São Paulo - SP
09/06 - Festa Fora do Eixo - Casa Fora do Eixo - Cuiabá - MT
28/06 - Noitada Monstro com Relespública - Bolshoi Pub - Goiânia - GO
06/07 - PMW Festival - Parque Cesamar - Palmas - TO
28/07 - Festa do Casarão - Casarão - Porto Velho - RO


# # E por falar em MqN, a versão em vinil do último single das Fuck CD Sessions, Cobra, está encartado na última edição da revista Decibélica e pode ser adquirido em qualquer banca de revista de Goiânia. Nesse sexto, e comemorativo, número da revista, o MqN é a estrela da capa e de uma extensa matéria assinada pelo mítico Fernando Rosa, jornalista editor do site/selo/agência de notícias Senhor F.

# # # Pra quem não é de Goiânia e quer o vinilzinho na sua coleção, vai lá no site da Monstro Discos que eles ajeitam a coisa pra você: www.monstrodiscos.com.br

# # # # Nessa mesma edição da Decibélica, como já cansei de escrever aqui, tem também uma longa e saborosa entrevista que fiz com o Violins, no apagar das luzes da gravação do disco novo, o empolgante Tribunal Surdo. Se você não tem a revista em mãos e quer conferir o papo, clica no link aí embaixo que ele te leva pra coluna que assino no portal da Dynamite, a Fora do Eixo. A entrevista está dividida em duas partes, nas últimas colunas.
http://www.dynamite.com.br/portal/view_coluna_action.cfm?id_colunista=32&id_show=1228


# No próximo sábado, lá no Refúgio, o Pedra 70 oferece mais um de seus shows repletos de nostalgia roqueira nacional, onde recria com muita personalidade os clássicos do rock brasileiro feito nas décadas de sessenta e setenta. Coisas tipo Mutantes, Tutti-Frutti, Gal Costa (daquela adorável e radicalíssima fase psicodélica), Casa das Máquinas, Som Nosso de Cada Dia, enfim, todas aquelas bandas que incendiavam os humanos loucos de ácido aqui no Brasil. A festa é temática (exige-se traje característico dos anos 70, aquela coisa hippie, você bem sabe) e só existem cento e cinqüenta ingressos disponíveis para a noitada. Se você quiser “colar” lá, clica nesse link aí embaixo e se organize.
http://orefugiojao.spaces.live.com/

# # Além do sempre empolgante show do Pedra, a pista de dança fica por conta das discotecagens espertas da Bebel Roriz (Meninas do Rock) e do Ângelo Martorelli (White Funky Boys), que dividem as atenções com o dj set deste blogueiro amigo aqui, que promete botar o povo pra dançar com os melhores rocks da história. Vamo lá?

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Abri a porta e enxerguei a velhinha lá dentro, com um sorriso fraco nos lábios, a cabeça recostada no travesseiro e um olhar cansado. Uma tia, dois tios e dois primos ocupavam todos os lugares do sofá e quase todas as poltronas. Beijei minha avó, que deixou escapar fraquinho um “Deus te abençoe”. Beijei os tios e tias e cumprimentei os primos com piadinhas sobre a barba (a minha e a deles). Todo mundo voltou para as amenidades que ocupavam o papo. Sem muito interesse na frivolidade forçada da conversa, alternava meu olhar entre os anúncios na tevê, de automóveis que garantem não te deixar com cara de tiozão (ou os de iogurte, que prometem regular o intestino da mulher moderna), e a figura frágil e flácida da outrora poderosa matriarca do meu clã, deitada pesadamente naquela cama de hospital.

Já havia quase dois anos que todos esperavam pelo pior, mas sempre que ele ameaçava, a velhinha dava um jeito de espantar ele pra lá, e sucessivamente voltava “saudável” pra casa, depois de uma temporada internada. Silenciosamente todos aguardavam que fosse assim mais uma vez.

Mais gente na porta. Outra tia, uma prima e um primo. Depois dos beijos e abraços remodelamos a configuração dos assentos ocupados, privilegiando as senhoras e deixando os mais jovens de pé, respeitando a inquebrável hierarquia gênero-etária da minha família (acho que de qualquer família, na verdade).

Logo os homens se agruparam e começaram as piadas, que abaixavam de volume conforme aumentavam seu teor de pornografia. Menos um dos meus tios, que ao lado da cama da vovó, examinava uns papéis, com um olhar concentrado, e de minuto em minuto tentava afrouxar a gravata. Parece que nunca conseguia, por que sempre tentava de novo, levantando a sobrancelha esquerda e coçando a testa perto das entradas avançadas da, antigamente, vasta cabeleira. Ninguém queria pensar muito na situação, e ocupava a cabeça com qualquer outra coisa.

Batidas na porta. Minha vó foi quem percebeu, já que uns riam e outros faziam rir. Só eu e a velhinha não estávamos envolvidos na rodinha de anedotas, ou mergulhado em papéis cheios de números. Eu ainda ficava de olho nos comercias do shampoo restaurador que reduz a queda de cabelo em até setenta e sete por cento, esperando minha vozinha olhar pro outro lado, pra admirar constrangido e incógnita a degradação física do fim da vida, que vem junto com tantas manias e um bocado de sabedoria.

Fui atender a porta, mas resolveram não esperar e antes que eu alcançasse a maçaneta, mais um casal de tios, outro primo, e mais duas primas entraram alegremente no quarto lotado. Beijaram minha avó, que tinha desistido de dizer qualquer coisa, contemplando solene e feliz os seus ao redor, que não poderiam defendê-la para sempre da morte, mas que a protegeriam da solidão fria de um hospital, nos últimos dias. Dava pra ler nos olhos da minha vozinha que esse era o único consolo de que ela precisava agora: da família reunida à sua volta, “feliz” e fingindo que nada de grave estava acontecendo. Dava pra sentir que era uma despedida!

Quase chorei quando meu olhar cheio de juventude e “inocência” cruzou com a intensidade vítrea daquele par de olhos de oitenta e um anos, repletos de reflexão, contemplação e memória. Exatamente o triplo da idade que minha certidão de nascimento registra hoje.

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Na manhã seguinte o organismo da velhinha se rende ao tempo e os aparatos tecnológicos da Unidade de Terapia Intensiva são postos em campo para garantir mais uns dias para minha vozinha. Apenas mais quatro dias...


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Um comentário:

Eduardo Mesquita disse...

A morte não serve à ninguém. Sinto muito pela sua vó.

Belo texto...