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sexta-feira, dezembro 26, 2008

Rebirthday

Depois do exagero gastronômico e dos excessos alcoólicos que, tradicionalmente, acompanham o natal em família, um pequeno intervalo para tomar fôlego e se preparar para a noite de reveillon que, também de acordo com a tradição, reserva mais um pretexto para o descomedimento. Mas antes de 2008 esticar as canelas, Goiânia Rock News prossegue com as respostas, solicitadas pela nossa enquete anual, que vão compor a lista dos Melhores de 2008. Dessa vez quem dá seu pitaco é o Pablo Miyazawa, o Gustavo Andrade e o Pablo Kossa.





Mallu Magalhães - Mallu Magalhães
Agência de Música / Sales & Distribution

O melhor disco lançado em 2008? Nacional, voto na estréia da Mallu Magalhães, com o Artista Igual Pedreiro do Macaco Bong logo atrás. Mas cito também Estandarte, do Skank.
Internacional, sou esquizo: Stephen Malkmus, Real Emotional Trash e Coldplay, Viva la Vida and Death and All His Friends.

Os melhores shows de 2008 foram: Internacionais - Interpol, Muse e R.E.M., empatados. Nacional: Ney Matogrosso. A melhor música do ano? Nacional, "Janta", do Marcelo Camelo. Internacional, "Paper Planes", da M.I.A., que apesar de ser do ano passado, rolou em 2008. "Pork &Beans", do Weezer. "Time to Pretend" do MGMT. E mais um monte.


Pablo Miyazawa é editor da revista Rolling Stone Brasil





Macaco Bong Artista Igual Pedreiro
Monstro Discos

O melhor disco do ano é Artista Igual Pedreiro, do Macaco Bong. Os Macacos provaram para todos que é possível uma banda independente, fora do eixo Rio-SP, rodar o Brasil inteiro nos eventos mais bacanas e ainda tocar fora do Brasil.

Já o melhor show do ano foi o do Helmet no Goiânia Noise Festival. Helmet é Helmet né! Mesmo 16 anos depois... O Goiânia Noise se confirma hoje como o maior festival de musica independente do Brasil.

E a melhor música do ano foi "Get Lost", das Fuck CD Sessions Vol. 04: Cerveja + Rock + Mulher = MqN


Gustavo Andrade é produtor do PMW Rock Festival (Palmas – TO)





CuruminJapan Pop Show
Quannum

O melhor disco de 2008 é o do Curumim. Japan Pop Show mostrou um novo caminho para a música brasileira, onde o samba-rock da escola de Jorge Ben é revisitado, sem medo do contemporâneo e com respeito devido à tradição da música brasileira. Sample no samba. Rap no cavaco. Dub no surdão. Curumim redefiniu a nova música feita neste País em 2008.

Definir a melhor música de 2008 já é uma tarefa mais árdua. Isso varia muito conforme o momento e tal. Tenho certeza que estarei cometendo um milhão de injustiças, mas a música que me veio à cabeça agora foi "Pau Molão" do João Brasil. O cara fez um dos 10 melhores discos brasileiros de 2008 e essa música merece menção honrosa. Catra mandou muito bem no deboche. Eu sou fã de pancadão carioca e essa me arrebatou. Mas eu também poderia destacar Compacto ou Mal Estar Card do Curumim, Pepeu Baixou em Mim do Do Amor, Talentoso ou Me atirar na orgia do Cérebro Eletrônico, Nadadora da Banda Leme...

O melhor show que vi em 2008 foi o Do Amor no Festival Casarão, em Porto Velho (RO). Ali, consegui entender por que falam tão bem dos caras. Eu pirei. Outros que gostei foram o Curumim no Bananada, o Lanny Gordin no Vaca Amarela, Cérebro Eletrônico no Calango (Cuiabá - MT), Ambervisions e Gangrena Gasosa no Goiânia Noise, Porcas Borboletas no Perro Loco...


Pablo Kossa é jornalista e sócio do selo/produtora Fósforo Cultural






Vou ali comemorar meu aniversário e já volto.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Never Miss A Beat

Seguindo com a enquete anual do Goiânia Rock News, que indaga personalidades do pop nacional a respeito de qual o melhor disco/show/música de 2008, o Alexandre Moreira, o João Lucas e o André “Pomba” Cagni proferem seus respectivos veredictos. Até agora, dentre os textos que chegaram na minha mail-box (que, ou já foram publicados, ou ainda serão), houveram pouquíssimas coincidências, quase ninguém escolheu um álbum já selecionado (eu disse quase). Não sei o que isso quer dizer, mas deve significar alguma coisa:




MGMT - Oracular Spectacular
Columbia Records

Difícil demais citar apenas um “melhor disco de 2008”. Mas eu vou citar o do MGMT, Oracular Spectacular. Simplesmente por que foi o disco que eu mais ouvi durante o ano. Um disco cheio de timbres eletrônicos, mas que consegue segurar um clima "paz e amor" quase hippie. Além disso, é um disco que faz muito sentido de ser ouvido na seqüência original. Com os mp3 players, é difícil ouvir um disco todo na sua ordem. O Oracular Spectacular é bom de ser ouvido inteiro e na seqüência.

Já tinha visto alguns shows do Macaco Bong e sempre achei um showzão. Só que no lançamento do disco deles em Goiânia, no Bolshoi Pub, aconteceu algo de estranho. Uma das coisas mais estranhas que já aconteceram comigo. Até hoje me pergunto o que foi aquilo. Alguma "coisa" foi invocada ali. E antes que comecem a pensar besteiras sobre a minha pessoa, eu digo: não estava chapado. Viu?

A melhor música do ano? Essa é difícil. Eu poderia citar Circus da Britney Spears, que é uma puta música. Mas o disco é muito novo e nem marcou tanto assim ainda. Então vou ficar com Standing In the Way of Control, do Gossip. Aquela gorda é fantástica. Se o Fabrício Nobre fosse uma garotinha, com certeza ia ser tipo ela. A musica é um hit. De veado a maculelê, passando por playboys e modernetes, todo mundo dançou essa musica. Ouvi em todos os lugares possíveis.


João Lucas é vocalista do Johnny Suxxx & the Fucking Boys, e sócio do selo/produtora Fósforo Cultural




Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro
Monstro Discos

Feito por artistas que estão em outro âmbito de arte, Artista Igual Pedreiro certamente ficará para os anais da história do rock nacional, não só pelo conceito todo que o disco e a banda representam, mas também por crer que o registro dos Bongs ainda será cultuado na gringolândia, assim como a banda, que é a mais contundente para elevar o rock independente brasileiro a níveis de babação estrangeira. E o melhor: sem firulas, plumas, paetês e nem hype.


Alexandre Moreira produtor do Loaded E-Zine




Kaiser Chiefs - Off With Their Heads
Universal/B-Unique


Fica difícil pra mim destacar um "melhor álbum do ano", pois como tenho tido uma atuação mais presente como DJ, às vezes fico mais focado em canções do que num trabalho por completo, o que é um erro, admito.

Entre os que ouvi com calma, o que sinceramente mais me impressionou foi Off With Their Heads do Kaiser Chiefs. A banda prima por uma sonoridade muito pessoal e até original para os dias de hoje, um som alto astral, com pegada e balanço. Mas uma agradável surpresa foi Dig Out Your Soul do Oasis, justo quando menos se esperava deles.


André "Pomba" Cagni é editor da revista Dynamite, produtor cultural e DJ residente do Dynamite Pub – SP







Tchau.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Threesome

Para você, amigo leitor, qual o melhor disco lançado em 2008? O melhor show? E a música do ano? O Danilo Xidan, o Mário Bross e o Marcelo Costa, atendendo à enquete anual do Goiânia Rock News, tem a resposta na ponta do Lápis:



The RaconteursConsolers Of The Lonely
XL Recordings

É reconfortante ouvir a notícia que AD/DC e Motorhead, mesmo com tanto tempo de estrada, conseguem lançar bons CDs. Eles pertencem a um tipo de banda peculiar, que segue o mesmo estilo sem parecer repetitivo, mas que consegue ainda trazer algo de novo e realmente bom de ser ouvido, bem alto.

Mas em 2008 eu fico com uma banda relativamente nova, na verdade um projeto. O álbum Consolers Of The Lonely do The Raconteurs sem dúvidas foi a mais grata surpresa. Um trabalho de um cara foda, Jack White. Aquele tipo de artista que, a meu ver, ainda não cometeu erros musicalmente falando. Criou o White Stripes, uma banda única, com timbres característicos e experimentações originais, ainda mais direto e convincente.

Do álbum em questão, destaque para a música de abertura e que recebe o mesmo nome do disco. A melhor música nova que ouvi em 2008. Outro destaque é a faixa You don’t understand me. Uma melodia de piano linda, um refrão grudento, uma quebra tensa e pesada, e algo bem Beatles quando a música parecia ficar chata, no verso You think you know how I feel. Ingredientes perfeitos para uma verdadeira canção rock.


Danilo Xidan, é guitarrista do Goldfish Memories





M83 - Saturday=Youth
© Emi Music France

O novo disco do M83 eh bem interessante, Saturday=Youth entra no meu melhor do ano, mas não tenho outra opção, não me lembro de nenhum outro álbum que eu tenha gostado. Gosto da sonoridade que mostra explicitamente as influências, como Cocteau Twins e Asobi Seksu. Assim como de new age, e tem bastante disso tambem.

O melhor show? Meu deus, eu vi os 5 melhores shows de todos os tempos no mesmo ano. Eu vi My Bloody Valentine 5 vezes em 2008, e nada no mundo se compara. Tive uma experiência surreal, espiritual e roqueira, que eu nunca vou me esquecer. Sem drogas, sem álcool, sem nada. Somente a música, alta e ao vivo.

Já a melhor musica de 2008 eh do Hatcham Social, chamada So So Happy Making, de um vinilzinho que saiu esse ano. Eh curta e simples, super delicada. Tem um vibe meio início do Stone Roses, fiquei bastante tempo apaixonado por essa musica.


Mário Bross é vocalista e guitarrista do Wry.




Tom Bloch 2
Som Livre Apresenta

Definitivamente, esse é o ano em que as coisas nacionais me chamaram mais a atenção do que as de fora. E entre o trio Cérebro Eletrônico, Curumin e Tom Bloch, fico com o último. 2, o segundo disco deles, chegou a circular para amigos e algumas pessoas da imprensa em 2007, mas só ganhou lançamento neste ano. É o tipo de disco para se ouvir todas as horas, com uns rocks ótimos pelo meio e umas baladas matadoras no final.

Nunca foi tão fácil decidir qual o melhor show do ano: Leonard Cohen na Espanha. Eu nunca vou saber o que deu em mim, e talvez seja a quantidade avassaladora de cerveja que tomei naquele dia, mas chorei como uma criança durante o show e depois dele. Ouvir Halleluhah e Dance Me To The End Of Love ao vivo é uma experiência única.

Já a música do ano é Fita Bruta, uma das grandes canções do quarto álbum do Wado. Letra forte e genial, uma melodia bonita que se estende com uma coda no final para embalar a questão do quanto o artista censura a si mesmo. Foda.


Marcelo Costa é editor do site Scream & Yell, colunista do iG Música, editor de homes do iG, iBest e BrTurbo, DJ eventual e cozinheiro de fim de semana.










Já já tem mais.

sábado, dezembro 13, 2008

Adeus Ano Velho

# Fim de ano, época de alegria e confraternização. Festas de repartição, revelação de Amigo Secreto e gulodice consentida nas celebrações familiares. Também é época do balanço anual que fazemos toda vez que dezembro chega. Para começar as listas de melhores de 2008, Goiânia Rock News convidou algumas personalidades do pop nacional que interessa, entre jornalistas, músicos e produtores, para emitir suas opiniões a respeito. Começando, um dos sócios do selo que lançou um dos melhores discos do ano, segundo a humilde opinião deste blog. E além dele, tem muito mais: hoje e até dezembro acabar. Vai vendo.




The Gutter TwinsSaturnalia
Sub Pop

O disco do ano pra mim é o Saturnalia, não sei se é por ter visto os caras fazendo um show brutal de lindo, se a edição em vinil que é foda, ou se é tudo isso... sei que Mark Lanegan e Greg Dulli destruíram, e mostraram que você pode melhorar, com o tempo, o que parecia impossível. Total inspiração para mim nos próximos 10 ou 15 anos! "


Fabrício Nobre é vocalista do MqN e sócio da Monstro Discos





NomoGhost Rock
Ubiquity Records

De uns tempos pra cá os ecos da Nigéria de Fela Kuti, Orlandus Julius e mais uma porção significativa e desconhecida de nomes, voltaram a bater pesado (de forma branca, mas mesmo assim nem um pouco desprovida de swing) mundo afora.

Graças a bandas como Antibalas, The Budos Band, Kokolo e outros nomes que pipocam juntamente com grupos de funk, em sua grande maioria nos EUA, a música que outrora serviu para o protesto de milhares de negrões, agora têm servido pra chacoalhar traseiros. Não é que eu acredite que as coisas melhoraram a ponto de exigir mudanças e, na verdade, eu não sou ninguém pra exigir alguma coisa de alguém, o lance é que o Nomo em 2008 conseguiu aproveitar esses ecos africanos de um modo mais singular que todas essas outras orchestras de afrobeat, funkeiros, calças apertadas ou largas existentes por ai.

Ghost Rock conseguiu criar (forjando funk, jazz, afrobeat, soul e parafernálias eletrônicas) um mundo autêntico, onde tudo que existe é de autoria dos próprios inquilinos. Do material que pavimenta a calçada ao pano que veste a mesa da cozinha, passando pela madeira da porta, o corte e os desenhos que essa tem, as árvores plantadas no quintal, as plantas do jardim e etc. E isso pra mim é o grande motivo da escolha como melhor do ano.

Enquanto a grande maioria ainda insiste em bater em teclas que ficaram sem som, ou falar o que já foi falado, de norte a oeste e até mesmo na Finlândia - graças ao aquecimento global e o pessoal do Rhythm Funk Masters - o coletivo de Michigan se desvinculou do disco anterior, fortemente apegado ao afrobeat, passando por cima do trabalho passado capturando o que houve de bom e transformando em algo mais autoral.


Abdala é DJ residente da festa 5ªTiva





Fleet FoxesFleet Foxes
Sub Pop

Quando fui solicitado para dizer qual seria o melhor álbum de 2008, tentei fugir de duas coisas óbvias: a explosão movida a banda larga da jovem Magalhães e do sucesso a toque de catapulta do CSS, mas por ironia acabei caindo no folk, hype e Sub Pop.

Quando a gente acha que já torceu o folk até sair a última gota de whiskey barato, aparece o Fleet Foxes que consegue dar mais uma desfibrilada no estilo. Vai ser foda assim lá em Seattle.


Valter Resende é produtor do Loaded E-Zine






Por enquanto é isso. Daqui a pouco tem mais

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Machado Indie

# Olá, há quanto tempo!



Letícia Persiles, a nova jovem Capitu
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# Viu que a nova mini-série da Globo, Capitu, resolveu brincar de indie para reler o Machado de Assis? Tarsila Perciles, a deliciosamente tatuada vocalista da banda carioca Manacá, encarna a protagonista na primeira fase da estória, sempre ao som da delicada e arrasadora Elephant Gun, do também delicado e arrasador Beirut, projeto do geniozinho Zach Condon. Elephant Gun é a primeira faixa do ep Lon Gisland, lançado no comecinho do ano passado. Beirut é fino lirismo gypsie-pop, enfeitado com trompetes, violinos e a voz embargada de Condon, arranjados de modo a provocar aquele incômodo (e adorável) nó nas entranhas. Soa como uma espécie de Rufus Wainwright menos sinfônico e mais cigano, quase um etno-indie do leste europeu. Flying Club Cup é o ultimo disco de estúdio do rapaz (que tem apenas vinte e poucos anos), lançado também em 2007, e constou na lista de melhores do ano do Goiânia Rock News, publicada aqui nesta mesma tela azul há quase exatamente 12 meses(quase exatamente?), atrás apenas do Young Modern, do Silverchair, e do Release the Stars, do Rufus. Atrás dele, enfileiraram-se It Won't Be Soon Before Long, do Maroon 5, e Si No, do Café Tacvba.


Se você ainda não conhece, vai conhecer agora. Dessa vez você não escapa. A não ser que você seja mais um daqueles que sentem vergonha de reconhecer que a-do-ram a tevê. Eu amo meu controle remoto, e gosto bastante da música do Beirut, mas dessa mini-série é que eu não tive a manha de gostar (apesar da Letícia Persiles). Ainda prefiro House!





O Casa Bizantina, uma das melhores e mais relapsas bandas de Goiânia, está, devagarzinho, saindo mais uma vez daquele mesmo ostracismo auto-imposto e preguiçoso de sempre. Dessa vez a novidade é a música Jardim Invisível, recém-disponibilizada na página do grupo no Myspace, junto com Helio Vai e Um Beijo pra Matar o Tempo, num total de três canções inéditas que provavelmente vêm no próximo álbum da banda, que deve sair no ano que vem. Estado Natural, terceiro álbum do conjunto, foi um dos melhores discos de 2006, e na lista de melhores daquele ano ficou em segundo lugar, atrás apenas do Carrossel, do Skank, e deixou , do Caetano Veloso, e o primeirão do Superguidis pra trás.


Ainda não me acostumei com Jardim Invisível. Na verdade, na primeira vez que ouvi achei até bem ruim. Mas andei insistindo e ela já soa melhor. Vamos ver se foi só uma má-impressão, ou se realmente é uma derrapada. Dessas três inéditas que já estão navegando pela web afora, Um Beijo pra Matar o Tempo é, de longe, a melhor. Apertando o play aí embaixo dá pra ouvir Jardim Invisível. Confira você mesmo:







# E o Goiânia Noise? O Helmet não fez todo aquele barulho que chegamos a pensar que faria (eu mesmo não fiquei pra ver), mas quem viu disse que valeu a pena. Sei não, quase impossível (o quase é só por que eu não vi o show) a banda de Page Hamilton ter feito um show mais impressionante que o do coletivo carioca Instituto, que fechou a noite de sábado com o tão falado show do classicaço Tim Maia Racional Vol. 1, lançado “recentemente” (pela primeira vez em cd) pela Trama.

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Marcelo Camelo no Noise


Pode anotar aí, esse vai ganhar o segundo lugar na lista de melhores shows do ano segundo o Goiânia Rock News (vai perder “só” pro Muse). E olha que, como já falei alguns posts atrás, fui assistir meio desconfiado, por que essa história de Tim Maia Racional já está dando no saco (nada contra os discos, muito pelo contrário), e por que tinha visto um show do pessoal no Multishow, em que a Thalma de Freitas abusava tanto dos cacoetes e vibratos da soul-music, que tive que mudar de canal.


Mas correu tudo maravilhosamente bem, Thalma de Freitas também deve ter assistido a esse show pela tevê e se contorcido de vergonha, prometendo a si mesma economizar na chatice da próxima vez. Sorte minha, que vi um show em que a cantora/atriz global soube se conter e valorizar a sutileza de sua voz veludosa e sua presença de palco, tão teatral quanto sexy.


Do tão falado show do Black Mountain eu achei só ok. Talvez um pouco mais do que isso, mas não foi a maravilha toda que andam dizendo por aí, pode acreditar.


O show do Guizado foi tão psicodélico quanto chato, e se nos fones de ouvido as músicas do grupo são uma trilha sonora até decente para as horas diárias em frente à telinha do computador, no palco a coisa funciona diferente (ou não funciona). Assisti sentado, e só não dormi por que tinha o Black Drawing Chalks no outro palco, na seqüência.


Acabei vendo pouca coisa do show do BDC, e me permiti perder o show do Cabruêra, que vi pela primeira vez lá em Cuiabá, no último Calango, e quase gostei. Mickey Junkies foi outra decepção. Não que eu esperasse muita coisa, mas ainda assim esperava mais do que a “lendária” banda de Osasco apresentou.


Diego de Moraes está cada vez mais afiado. Afinando sua ironia-operária ao mesmo tempo em que recusa os discursos prontos, se confirmando cada vez mais dono do palco, onde se traduz muito melhor que em qualquer uma de suas gravações (pelo menos as que eu já ouvi), que são só um instantâneo opaco do que ele faz ao vivo. O garoto brilha mesmo é no tablado, à frente d’O Sindicato, onde canta, desafina e se emociona, oferecendo um deboche musical tão honesto e consistente, que não dá pra não gostar.


Já falei que o show do Vaselines cheirou a naftalina? Já contei que, ao contrário do que uns e outros podem pensar, isso não é um elogio?




# Boiam pela internet, alguns links com as músicas registradas DURANTE o Goiânia Noise. Não se trata de áudio de shows, são gravações de bandas que não estavam na programação oficial, mas registraram músicas no mega-stand do Rock Lab Studio, montado no pátio do festival, cheio de skatistas de trinta e poucos anos (hehe).


O track list está aí embaixo, e se tiver coragem para fazer um download, você só precisa clicar aqui.

01_Ultravespa_Deixe o meu inferno e volte para o seu

02_The Galo Power_Psychobilly

03_Just Another Fuck_Old School Murder

04_HC 137_A Água Acabou

05_Critical Strike_They Always Took it for Granted

06_Corja_Oque Você Vai Fazer Quando a TV Quebrar

07_Macacos Gordos_Ouvidos Covardes

08_Girlie Hell_Wake Up

09_Sapo Verde_Preguiçoso

10_Sangue Seco_Gado

11_Baba de Sheeva_Baba de Sheeva

12_Vaillant_Maria.


* Fim de ano, época das adoráveis e odiosas listas de melhores (adoráveis as minhas e as de (alguns) amigos, e odiosas as do resto da humanidade). Na volta vou botar aqui algumas opiniões de um pessoal que entende do assunto.

E se não entende, pelo menos deveria.



Agora é sério. Já volto.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Transformers

# Férias pós Goiânia Noise, um tanto forçadas porém necessárias. O Goiânia Rock News, em 2009, deve sofrer algumas mudanças, talvez até de endereço, integrando um projeto maior de cultura pop on line. Quem viver verá...


Palco do MqN no Noise

Do Goiânia Noise ainda tenho um monte de coisa pra falar. Do Hillbilly Rawhide, que fez o show mais sui-generis do festival; do Loop B, que eu perdi quase inteiro; Do Helmet, que eu perdi inteiro; do MqN, que pela foto aí de cima você calcula como foi. Enfim, ainda tenho coisa pra contar, mas como as transformações que hão de cair sobre este blog que você ora lê necessitam de trabalho para saírem do papel, hoje a visita é rápida.

Mas já já eu volto com umas duas laudas de opiniões altamente questionáveis sobre os Goiânia Noise. Enquanto isso vou ouvindo o último do Spoon, o divertidíssimo Ga Ga Ga Ga Ga, e me convencendo de que o melhor disco do ano é mesmo o Dear Science, do TV On the Radio.

Até a volta!


quarta-feira, novembro 26, 2008

Se Deus é 10, Satanás é 666!

# Depois de seis dias (três de Brasil Central Music, mais outros três de Goiânia Noise) subindo e descendo a rampa do Centro Culturar Oscar Niemeyer umas 50 vezes por noite, dá pra dizer que essa maratona toda, mesmo com a dor na panturrilha, valeu a pena.


Gangrena Gasosa

Esqueci de dizer aqui no post anterior que o Gangrena Gasosa, formação carioca mais do que clássica, fez o segundo melhor show do sábado (perdendo só para o Instituto), e os dois ou três quilos de farinha de trigo que os roadies jogaram em cima do pessoal apertado em frente a palco, tem uma boa parcela de culpa pelo mérito. Foi muito divertido ver aquele tanto de gente assustada debaixo de tanto pó branco. A maioria das meninas não gostou muito da piada, e saiu amaldiçoando a banda, enquanto tentava livrar seus penteados da brancura indesejada. Já a porção masculina que rodopiava nas rodinhas de pogo não se incomodou, achando a maior graça da “brincadeira”. Eu, que assistia ao show do fosso dos fotógrafos, me livrei da chuva branca por pouco.


A Goldfish Memories, mesmo tocando com o sol ainda alto, não se intimidou com o público ralo, e aproveitou sua meia-hora em cima do palco com perícia hard rock e postura stoner, enquanto o Hillbilly Rawhide se preparava para destilar seu psycho-country bem vestido, no primeiro show com lotação esgotada em frente ao palco Trama Virtual, no domingo. Ainda sobrou tempo para versões acústico-caipiras para Highway To Hell (AC/DC), e Ace of Spades (Motorhead).


O Motek, que tinha feito um pocket show no sábado, na unidade móvel do Rock Lab Studio, instalada no pátio do Centro Cultural Oscar Niemeyer, foi mesmo uma das maiores e gratas surpresas do festival, com um instrumental tão viajante quanto envolvente.


Quem não se lembra dos Hanson do metal? Lá no fim dos anos 90 o Claustrofobia foi revelado pelo extinto programa Ultra-Som, da Mtv Brasil, onde três cabeludos loiros, ainda adolescendo, tentavam se distanciar da alcunha óbvia (naquele tempo os Hanson eram onipresentes na emissora, nas rádios e em quase todo lugar). No Goiânia Noise a banda apresentou seu death-metal monstrão para um teatro cheio e empolgado, mas acabou bem prejudicado por problemas no P.A. do palco principal, que insistia em sumir e voltar durante quase todo o show. Lá no Myspace do grupo, tem uma versão tão agressiva quanto engraçada para Filha da Puta, mega-hit oitentista do ultraje a Rigor


Mas, dos males o menor. O Palácio da Música, que sempre abrigou o palco principal do Goiânia Noise e sucessivamente apresentou problemas na equalização do som, esse ano parece ter encontrado uma resposta para seu enigma, e ainda que não estivesse sempre tinindo, prejudicou bem menos gente que o de costume.


Ah, outro detalhe resolvido com sucesso esse ano foi o das bandas anfitriãs, MqN e Mechanics, que sempre sobravam na imendidão do Palácio da Música, e perdiam grande parte de seu poder de fogo em cima do palco, pela distância que era obrigada a manter de sua platéia. As duas bandas, principalmente o MqN, precisam de intimidade com seu público, e a resposta sempre esteve ali, há alguns metros do tablado principal. Pela primeira vez experimentando o espaço do palco Trama Virtual, tanto MqN quanto Mechanics, fizeram, de longe, apresentações muito melhores que as das duas últimas edições do Noise. Na vez do MqN, a banda, diferentemente do ano passado, incendiou a multidão espalhada, tanto na pista, quanto pelo palco propriamente dito. O Mechanics, em formato acústico, também se aproveitou na proximidade com o público e, acho eu, não volta para a imensidão do palco principal.




E foi assim. Mas ainda tem história pra contar. Na volta retomamos o papo.


domingo, novembro 23, 2008

Instituto Nacional do Groove

# Climão de fim de festa. Mas a 14ª edição do festival independente mais charmoso do Brasil ainda tem fôlego pra última noite de farra, num domingão reservado às atrações mais sujas e distorcidas dos três dias. Daqui a pouco o Helmet sobe ao palco do teatro do Centro Cultural Oscar Niemeyer, depois das locais Goldfish Memories, Mechanics e Bang Bang Babies; da Belga Motek (que antecipou, no sábado, alguma coisa de sua apresentação num pocket show na unidade móvel do Rock Lab Studio, montada no festival); dos paulistas do Inocentes, Periferia S/A e Loop B; dos argentinos The Tormentos e dos chilenos The Ganjas, além de vários outros.
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Eu tive que subir, lá no alto...



Na sexta feira, início oficial do festival, quem roubou a cena foi a carioca Canastra, que com aquela conhecida mistura de rock, dixieland, ska e um suave tempero brasileiro, pôs a geral pra dançar, e deixou o palco debaixo de uma ovação empolgada. O Vaselines, apesar do jogo bonitinho das melodias vocais de Eugene Kelly e Frances McKee, não emociona. Dá pra deduzir que o principal mérito da banda escocesa é ter um fã ilustre, morto há quase quinze anos (eu sei que você sabe quem é!).


Marcelo Camelo parece estar se esforçando para abandonar o sucesso. Alternando delicados dedilhados de violão, tão melancólicos quanto maçantes, com momentos mais inspirados (o groove hipnótico de Menina Bordada é sensacional), o eterno ex-Los Hermanos, escoltado pelo Hurtmold, não me segurou dentro do teatro até o fim de sua mortificação emepebê, mas as duas mil pessoas que esgoelavam cada refrão silencioso, muito provavelmente, vão discordar de mim.


Ontem, sábado, a prata da casa Mugo cumpriu tabela no palco principal, e mesmo prejudicada pela imensidão do lugar e pela distância do público, esmagou duas centenas de decibéis entre riffs poderosos em afinação baixa, vocais tão precisos quanto assustadores, e sutis detalhes pop, que emprestam autenticidade à massa compacta de fúria.


Mas fechando a noite, o coletivo carioca Instituto demoliu todas as apresentações anteriores, numa reinvenção caprichada do clássico Tim Maia Racional Volume 1, que teve sua primeira edição em cedê lançada recentemente pela Trama. Com 15 pessoas no palco, a banda promoveu o maior desbunde dançarino do festival, e até a Thalma de Freitas (que, abusando dos cacoetes vocais da soul-music num show do grupo transmitido pelo Multishow, tinha me deixado com um pé atrás) foi uma grata surpresa, abandonando o exagero nos vibratos, e deixando sua voz aveludada se misturar à simplicidade sofisticada dos arranjos arrepiantes e batidas irresistíveis.
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De longe o melhor show do festival até agora, e sou capaz de apostar um dedo que nem o Helmet, nem ninguém, vai tirar esse título dos cariocas.




E foi assim, não foi?

sexta-feira, novembro 21, 2008

Noise na Fita

# Com o fim da Brasil Central Music, feira do Sebrae que reuniu artistas, jornalistas musicais, blogueiros e produtores de vários países do mundo, o Goiânia Noise se apropria hoje do espaçoso Centro Cultural Oscar Niemeyer, e dá início à sua décima terceira edição. Desde terça passada a BCM movimentou o lugar, com conversações, debates e rodadas de negócios durante o dia, e shows que serviram de aquecimento para a maratona que cmeça hoje.


Na quarta vi o show da Orquestra Abstrata, um dos mais legais da cidade, carregado de psicodelia retrô combinada com elementos modernos. Ontem, quinta feira, o Macaco Bong e o Umbando fizeram “A” dobradinha da noite, cada um a seu modo. Macaco Bong, como de costume, fez uma apresentação sensacional, tão inspirada quanto intensa, cheia dos trejeitos geniais da guitarra sinuosa de Bruno Kayapy.



Orquestra Abstrata




Não assistia a um show do Umbando há muito tempo (o grupo não tem se apresentado com muita freqüência), mas as filigranas psicodélicas que enfeitam a brasilidade escancarada e genuína de suas músicas, ainda funciona muito bem. O primeiro disco da banda (que começou a ser gravado lááá em 2005) ainda não saiu, mas o guitarrista Luis Fernando garantiu que o álbum já está em São Paulo, para masterização, e deve, finalmente, chegar ao mercado no primeiro semestre do na que vem.



Os abomináveis batuques afro-decadentes de música brasileira contemporânea tipicamente reciclada também marcaram presença, com suas latas, tambores de plástico e apitos de palhaço, mas não vou perder meu tempo dizendo que esse deslumbre-de-boutique pelo lixo (musical) soa tão artificial quanto a rotina do Michael Jackson.




De saída lá pro Oscar Niemeyer.
Com sorte não te encontro lá

quarta-feira, novembro 19, 2008

Monster Bus

# Começou ontem a Brasil Central Music, feira organizada pelo Sebrae –GO, em parceria com o Comitê Gestor do Projeto Economia Criativa da Música (BCM) e o Centro Cultural Oscar Niemeyer. Segundo a direção do Sebrae, a pretensão é ser a maior feira do música do centro-oeste brasileiro, e está se utilizando da mesma estrutura do Goiânia Noise Festival (que acontece no mesmo lugar, a partir da próxima sexta feira), para propor mesas de negócios entre compradores de música, brasileiros e estrangeiros, e bandas e artistas de Goiás.



Orquestra Abstrata
Foto por: X
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Na última edição da feira, me lembro de ter esbarrado com o simpático Jordy Trachtenbeg, vice-presidente da distribuidora The Orchard, pioneira entre os agregadores de música em meio digital, sediada em Nova Yorque e que tem em seu cast nomes como Gal Costa, Bloc Party, Curtis Mayfield, Archie Sheep, Coldplay, Death Cab for Cutie, The Donnas, Frank Sinatra, Me'shell N'degeocello e Soundgarden (entre uns 14 mil outros). Outra que também mandou gente para assistir uns shows em Goiânia, foi a gigante dos vídeo-games EA Sports, que veio na intenção de comprar trilhas sonoras para seus jogos.

Nessa última vez a feira aconteceu lá no Martim Cererê (e em uma festa no Bolshoi Pub), mas por ocasião do casamento temporário com o Goiânia Noise, a feira migrou para o centro cultural Oscar Niemeyer e traz gente como Adam Shore - the Daily Swarm (USA), Pablo Hierro - Scatter Records (Argentina), João Marcello Boscolli – Trama (São Paulo), José Renato Castro - Punto Mayo (USA / Brasil), Sergio Ugeda - Amplitude / Tronco (São Paulo), Olivier Durand - Nacopajaz (França), Elliot Aronow - The Fader RCDLBL (USA), Diana Glusberg - Niceto Club (Argentina), Jan Keymis - Pukkelpop (Bélgica), Daniel Seligman - Pop Montreal (Canadá), Anderson "Foca" - Festival DoSol (Natal), Talles Lopez – Festival Jambolada (Uberlândia), Paulo André Pires - Abril Pro Rock / Porto Musical (Recife), e muitos outros.


O Gustavo Vasquez, baixista do MqN e um dos produtores mais requisitados do independente brasileiro, está ministrando um workshop de gravação, e o André Frank iniciou ontem sua oficina para roaddies.

Daqui a pouco vou pra lá, pra conferir o show da Orquestra Abstrata, que se apresenta ao lado de Abluesados, Cláudia Vieira, Cega Machado e TNY.

A programação completa de amanhã, 20/11, é a seguinte:


Rodada de Negócios
9 hs
Tema: Festivais / Shows
Empresas âncoras:
Diana Glusberg - Niceto Club (Argentina) -
Jan Keymis - Pukkelpop (Bélgica)
Daniel Seligman - Pop Montreal (Canadá)
Sergio Ugeda - Amplitude / Tronco (São Paulo)
Anderson "Foca" - Centro Cultural DoSol (Natal)
Talles Lopez - Goma / Circuito Mineiro (Uberlândia)
Paulo André Pires - Abril Pro Rock / Porto Musical (Recife)

Mesas de Debate:
14 hs
Tema:A nova música brasileira sob o ponto de vista da imprensa internacional
Althea Legaspi - Chicago Tribune, Paste, Global Rhythm (USA)
Phuong-Cac Nguyen - CoolHunting.com , JoshSpear.com (USA)
Elliot Aronow - The Fader, RCDLBL (USA)

16 hs
Tema: Participação brasileira em festivais e shows internacionais
Diana Glusberg - Niceto Club (Argentina)
Jan Keymis - Pukkelpop (Bélgica)
Daniel Seligman - Pop Montreal (Canadá)
Lúcio Ribeiro - Popload (São Paulo – Brasil)
Paulo André Pires - Abril Pro Rock / Porto Musical (Recife)

Shows:
19 hs- Vida Seca - Palco Externo
19: 30 hs - Umbando - Palco Externo
20:15 hs - Macaco Bong (MT)– Palácio da Música
21:15 hs - Alma Brasileira - Palco Externo
22 hs - Banda Pequi - Palácio da Música




# Conhece o Monster Bus? Não é que o heavy metal do transporte coletivo goianiense já tem mais de 20 mil page-views? Aperte o play, assista ao vídeo-clipe e depois voltamos a esse assunto.








Fui.

quinta-feira, novembro 13, 2008

National Indie Hits

# A banda paulista The Name, dona de um dos melhores lançamentos de 2007 (o ep Gone), e que fez um dos shows mais legais do último Goiânia Noise, disponibilizou dia desses mais uma música inédita. Come Out Tonite constará no próximo ep que o grupo promete lançar no começo do ano que vem, e deixa um pouco de lado (mas só um pouco) a aura goth-pop que o acompanha desde o início.


The Name
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Quase sou capaz de apostar que, recentemente, os music-players da banda estiveram bastante ocupados com a batucada indie-house do Radio 4 (e, por que não, do Rapture), já que Come Out Tonite vem carregada com o mesmo disco-rock empolgante que embala os dois grupos novaiorquinos. Em sua página do Myspace, além de Come Out Tonite e de algumas das canções de Gone e de Older (single lançado há alguns meses), o grupo ainda deixou de presente sua versão gótica para Eleanor Rigby, que ficou das mais divertidas. Faça uma visitinha cortês à página do trio e confira por si só.

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Wry



# Depois de 7 anos perambulando pelo underground londrino (e de 14 anos de vida), o Wry deve voltar aos palcos brasileiros no primeiro semestre do ano que vem, numa pequena turnê que vai divulgar o lançamento de National Indie Hits, disco que a banda mais sorocabana do Reino Unido está preparando, com 14 covers de grupos clássicos do independente brasileiro que, segundo o próprio vocalista Mario Bross, influenciaram a carreira do grupo. São elas: MqN, Pelvs, Killing Chainsaw, Vellocet, Walverdes, Biggs, Low Dream, Pin Ups, Sonic Disruptor, Snooze, brincando de deus, Astromato e Space Rave.

Flames In the Head, album lançado em 2006 e que ostenta jóias shoegazer da categoria de Come and Fall e Powerless, é o ponto alto da trajetória corajosa do grupo, mas o ep Whale and Sharks (lançado ano passado), apesar de deslumbrado com o post-rock de Sigur Rós e afins, não chega a empolgar, numa comparação direta. Na última vez que o Wry esteve no Brasil, peguei um show caprichado lá no Martim Cererê, num Bananada passado qualquer. Os anglo-sorocabanos são mesmo bons de palco, vai valer a pena.

Update corretivo - Mario Bross, o supra-citado vocalista do Wry, mandou avisar (ali na caixa de comentários) que a turnê que chega ao Brasil no primeiro semestre do ano que vem não será de National Indie Hits (que deve sair ainda em 2008), mas sim do próximo disco de inéditas do grupo, que provisoriamente está sendo chamado de She Science.



# Mitch Mitchel, o baterista prodígio que acompanhou a Jimi Hendrix Experience (formação que rendeu três grandes discos em quatro anos de existência – Are You Experienced?,Axis: Bold As Love and Electric Ladyland, de 66 a 69), morreu ontem pela manhã, num hotel em Portland.

Já tem um bom tempo que não mexo nos meus vinis do Hendrix. Minha inquietude curiosa e compulsiva com música não me deixa remoer os clássicos eternamente, mas já gastei muito tempo (principalmente na adolescência), prestando atenção nas minúcias psicodélicas do Electric Ladyland. De um tanto tão generoso que me permito ficar afastado delas hoje em dia. Era uma época em que eu achava Shine On You Crazy Diamond, do Pink Floyd, a melhor música do mundo pra dormir. E isso era uma elogio!

Mas mesmo que aquela porção de hits hippie estejam, para mim, em standby, a Experience sempre foi referência absoluta quando o assunto é psicodelia flower-power, e Mitch Mitchel era mais do que um chão firme para as pirações do Hendrix. Merece condolências sinceras, RIP!





Tchau

segunda-feira, novembro 10, 2008

O Caminho das Pedras

# Viu ontem, no Fantástico, o Alex James visitar a fonte oculta das farras nababescas do Blur? O baixista da melhor banda do britpop visitou, a convite do presidente Álvaro Uribe e da BBC de Londres, a selva colombiana de onde sai quase toda a cocaína cheirada no mundo.
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Iurrúúú!
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Alex jura já ter aposentado seu nariz de platina (também, depois de 4 milhões gastos em cafungadas...), mas vi seus olhos brilharem quando um traficante colombiano abriu uma dolinha da farinha, e informou solenemente que aquele era o produto puro, recém saído da “fábrica”. Mas James soube se comportar, tirou a franja da frente dos olhos e testou um sorriso amarelo para a câmera, quando o traficante se serviu de um tirinho.


Alex também passeou por caminhos lamacentos da selva, sempre escoltado por uma tropa do exército local, e afundou seu par de tênis no lodo para conhecer os precários e improvisados laboratórios de produção e refino do, segundo ele próprio, “óleo que lubrifica a indústria do rock n’ roll”. Perto do fim da matéria, James garantiu ter se convencido de que se soubesse, em seus tempos bicudos de desbunde junkie, como a cocaína é violenta e letal para o povo colombiano que não cheira, teria moderado nas festinhas dos camarins.


Será? Estou inclinado a duvidar.




# E aí, como vai a vida pós-Obama? Tá esperançoso com o fato de que um negro, pela primeira vez na história dos Estados Unidos, chegou ao topo? Você também queria uma daquelas camisetas coloridas, estampadas com o busto do novo presidente do mundo, para desfilar no próximo Goiânia Noise? Obama é pop, Barack é rei. E o rei (ainda) não está nu.


Obama nas alturas!

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Depois de ouvir a mesma ladainha ensaiada duzentas vezes por dia (que repete um otimismo tão crível quanto a "certeza" que um torcedor da Portuguesa tem da grandeza do seu clube), em rigorosamente todos os telejornais, estou começando a achar que a vida imita mesmo a arte, e que se Obama fosse tão cool, honrado, firme e, principalmente, tivesse uma voz tão máscula e sedutora quanto a do presidente Palmer (esse sim o genuíno pioneiro negro no cargo), aí sim o mundo poderia finalmente respirar aliviado, já que o anti-herói rebelde e solitário Jack Bauer nunca dorme no ponto, e entre uma agulhada e outra, sempre salvará a América (e por conseqüência, o planeta).


Essa euforia coletiva – da imprensa política (o Jornal da Globo chegou ao ridículo de comemorar a vitória exibindo um clipe com imagens da campanha Obama acompanhadas por A Beautifull Day, do U2. Jesus!), passando pelos programas de fofoca, e chegando até à mesa de almoço do domingo em família –, me deixou mais irritado com a humanidade do que o de costume.


Tá bom, se com a humanidade é muito, então fiquei puto pelo menos com o mesmo Brasil que esperou o fim dos problemas nacionais com a ascensão de um “pobre” operário à presidência da República, acreditando que só o simbolismo histórico do fato seria suficiente para a tão esperada redenção do país do futuro. No caso deles, o sofisma é o mesmo, só que mais caro, melhor envernizado e mais escurinho. Primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos!


Tá mesmo todo mundo crente que (também pela primeira vez na História) um Tio Sam bronzeado vai, finalmente, governar para o bem mundial, deixando seus próprios (e gigantescos) problemas em segundo plano, ao invés de tentar salvar os EUA, a QUALQUER custo, do fiasco econômico?


Antes que ensaiem o discurso, meu caso está longe do anti-americanismo corrente: música pop, hambúrguer e Mickey Mouse sempre tiveram lugar garantido na minha vida, acho o american way of life um exemplo de sociedade e recusei a homilia esquerdinha antes de entrar pra faculdade. Gosto mesmo da cultura estadunidense, e qualquer roqueiro que diga o contrário e cuspa na bandeira listrada está sendo, no mínimo, contraditório (o máximo eu deixo por sua conta).


Mas acontece que Roma nunca abriu mão de seu poder, e se isso for inevitável, o espernear do império vai machucar muita gente que está comemorando a vitória do negão como final de campenato. O estrago, é bem provável, vai chegar até mim também (como todo mundo), mas pelo menos não vou remoer uma contrição velada, nem precisar disfarçar uma esperança traída. Obama é negro, pop, simpático e boa gente, mas não é meu presidente.


Eu votei McCain!




# Já tem um tempo que quero desovar aqui uma “novidade” da web que tem ocupado muito o meu tempo, ultimamente. Nunca lembrava do Arapa quando ia atualizar isso aqui, mas sempre recorria a ele quando ia atrás daquele filme que ia dar um trabalhão pra achar. Mas dessa vez foi diferente, me lembrei do Arapa, e demorou pra dividir o “segredo” com os nobres leitores do Goiânia Rock News.


É bem possível que parte desse povo já conheça o Araponga Rock Motor, mas pra mim a novidade só apareceu no mês passado. O Arapa é um blog exclusivamente para downloads de filmes, daqueles clássicos “B” que você adoraria rever, acompanhado de uma tonelada de outros títulos que você vai amar descobrir


Já recolhi para meu agá-dê cópias de 24 Hour Party People e 9 Songs, os dois do Michael Winterbottom; Velvet Goldmine (a ficção musical sobre o surgimento do glam rock), e I’m Not There (a cine-biografia do Bob Dylan), os dois do Todd Haynes; American Pop, a animação musical do Ralph Bakshi; a ópera-mod Tommy, do Ken Russell; Quadrophenia, a ficção histórica do famoso e selvagem combate entre mods e rockers, do Frank Roddam; Botinada – A História do Punk no Brasil, do Gastão Moreira; o documentário musical Ritmo Alucinante, que registrou o primeiro Hollywood Rock, em 1975, e que contou com Rita Lee &Tutti Frutti. O Peso, Vímana (banda que reuniu os futuros Lobão e Lulu Santos), e Raul Seixas; A série completa (mais de dez horas de filme) The History of Rock n’ Roll, além de muita coisa mais.


Se eu fosse você faria uma visitinha social ao Arapa e dava uma espiada no acervo do endereço, e rapidinho registrava ele nos Favoritos.




# O Goiânia Noise 2008 está chegando e não vem sozinho. Além do Brasil Central Music, que vai encher a semana pré-Noise de shows, o principal festival do rock independente nacional exportou sua marca para a capital financeira do país, e a estréia do São Paulo Noise festival vai ocorrer simultaneamente à realização de sua edição matriz, em Goiânia. Muitas das atrações internacionais serão compartilhadas por pai e filho, acompanhe a programação completa aí embaixo:


São Paulo Noise Festival

Sexta - 21/11

Black Mountain (Canadá) - Palco 1

Flaming Sideburns (Finlândia) - Palco 2

Motek (Belgica) - Palco 1

Os Ambervisions (SC) - Palco 2

The Tormentos (Argentina) - Palco 1

Black Drawing Chalks (GO) - Palco 2

Sábado - 22/11

Vaselines (Escócia) - Palco 1

Black Lips (USA) - Palco 2

The Ganjas (Chile) - Palco 1

Do Amor (RJ) - Palco 2

Calumet-Hecla (USA) - Palco 1

Homiepie (SP)- Palco 2

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21 e 22 de novembro

Ingressos:

21/11 (sexta-feira):R$65,00

22/11 (sábado):R$80,00

Censura: 16 anos




Tchau

terça-feira, novembro 04, 2008

"Bolo, Rolo, Casa ou Consolo"

# A banda gaúcha Pública (aquela, dona de um dos melhores singles de 2006, Long Plays, faixa de Polaris – o disco que revelou tudo que tinha de cara, e se esqueceu de que precisaria de outras músicas legais), disponibilizou três canções novas em sua página no Myspace. São elas 1996, Canção do Exílio e Casa Abandonada, que, garante o grupo, puxarão seu segundo disco, intitulado Como Num Filme Sem Um Fim, que deve subir à superfície da web no dia 24 próximo, também em sua página no Myspace.


Revoltz

1996 é delicadamente psicodélica, espacial e atenciosa nos detalhes. Já Canção do Exílio é ancorada no dance-rock inglês do fim dos anos oitenta, enquanto Casa Abandonada, enfeitada com discretos arranjos de metais, é a melhor das três, com pianinho festivo e acento britpop.


Uma amiga disse, certa vez, que nas primeiras ouvidas ficou com preguiça de Long Plays, por que era botar pra tocar e se lembrar imediatamente do Guilherme Arantes. Mas ela insistiu e hoje em dia ri dessa história, gosta da música e continua não sabendo que até o Guilherme Arantes tem coisas legais em sua discografia.


Mas até aí tudo bem, “pouca” gente sabe.


Lembra como Long Plays é legal? Lembra que o videoclipe chegou a concorrer ao VMB do ano passado?






# Outro grupo legal com notícias é o multi-estadual Revoltz (MT, MS, RS,SP), que desde sua estréia com Beijo No Escuro (lançado no começo do ano passado), não aparecia com novidades. O epê 123 (um, dois, três) foi lançado somente no site da banda, sem qualquer formato físico, e tem quatro músicas.


Lótus 123 é rock sessentista filtrado pela pós-modernidade que cresceu ao som da new wave, enquanto Seja Cereja escancara um romantismo pop, simples e cínico ("(...) Não me interessa se você tem bolo, rolo, casa ou consolo".). Loneliness mistura iê-iê-iê com a nova disco-music, e Chanson flerta com o garage-rock.

Tem pra quem quiser, é só fazer uma visita cordial à página do quarteto e arranjar um download. Lá também tem o primeiro disco, Beijo no Escuro, inteiramente ao vosso dispor.




# Já a curitibana Terminal Guadalupe começa a pensar no próximo disco, o terceiro da carreira, e contratou o produtor Roy Cicala, que já trabalhou com luminares da categoria de Jimi Hendrix, Bruce Springsteen, Aerosmith e até John Lennn. Ao lado de Apollo 9 (ex-Planet Hemp), Cicala e o grupo paranaense se enfurnam no estúdio A9, em São Paulo, durante o mês de novembro para registrar o álbum que, provisoriamente, foi batizado de Para merecer quem vem depois.


Recado dado, volto já.

sexta-feira, outubro 31, 2008

Suicide Soundtrack

# Bon Iver, codinome do cantor e compositor norte-americano Justin Vernom, é uma espécie de Nick Cave glacial. O folclore ao redor do lançamento de For Emma, Forever Ago (primeiro disco desde a extinção de sua ex-banda, DeYarmond Edison) é um conto-de-fadas indie, mais uma daquelas histórias sobre como a música e a solidão podem transformar um coração dilacerado numa pequena pérola pop.





Reza a lenda que, pouco depois do fim do DeYarmond Edison, Vernom foi abandonado pela namorada e, envolvido pelo sofrimento, se isolou numa antiga cabana de caça no interior do Wisconsin. Cercado por toneladas de neve, Justin caçava sua própria comida e assobiava canções tristes. Nesse cenário primitivo e inóspito, entre o corte da lenha e a nevasca do dia, Bon Iver teria composto as 9 canções do disco.


For Emma... é praticamente só violão e voz (com exceção de discretos beats eletrônicos e alguns metais), cheio de músicas simples, tão econômico nos arranjos que chega a flertar com o minimalismo; é caprichoso nos silêncios, gelado nos climas e intimista nos modos.


As melodias, magoadas e esvoaçantes, ficam a cargo dos vocais (quase sempre dobrados), enquanto os violões repetem acordes como num mantra sentimentalista. Se a delicadeza rústica de Flume te der um nó nas entranhas, não estranhe se tudo piorar no country-gospel, moroso e dolorido, The Wolves (Act I and II), nem se a depressão acenar por entre o dedilhado mortiço de Re: Stacks.




Justin Vernom



Se a realidade confirma, ou não, a história do isolamento (da cabana e de toda aquela neve), eu não sei, mas apesar de qualquer coisa For Emma, Forever Ago, com toda sua comovente e congelada singeleza, seria mesmo a música perfeita para acompanhar uma experiência desse tipo. Uma trilha sonora que, incrivelmente, empresta alguma dignidade à idéia de suicídio.



# A Gabriela Munin, que assina o blog this messy is mine, e também cuida da Tronco Produções, manda avisar a quem interessar possa que o Macaco Bong (dono de um dos melhores discos lançados em 2008) inicia uma frenética mini-turnê pelo interior de São Paulo, dividindo palcos com outra banda notável do novo rock brasileiro, a The Name (cujo EP, Gone, foi um dos melhores lançamentos do ano passado). A maratona começa no próximo domingo, e se estende até o dia 16, contabilizando 13 shows em 15 dias. Garotas Suecas e Gigante Animal também caem na estrada, com uma boa dúzia de shows marcados, cada.




# O Goiânia Noise, em parceria com a Trama Virtual, quer trazer você, que não mora em Goiânia, para curtir o melhor festival do Brasil, na faixa. Quem explica é o site da gravadora paulistana:


Este ano, a TramaVirtual é mais do que nunca parceira de um dos mais clássicos festivais da música independente brasileira. E, em conjunto, tivemos uma idéia para levar você até o Goiânia Noise Festival 2008, uma idéia, com o perdão do trocadilho, do barulho. E bem divertida, você vai ver.A história é a seguinte: você faz um vídeo, coloca no YouTube e manda o link pra gente, neste endereço aqui - tramavirtual@trama.com.br. Vale tudo e não precisa ser música, nem fazer sentido. Tem que ser, apenas, barulhento. Os autores dos dois vídeos mais legais e criativos vencem a promoção Faça barulho para ir ao Noise e levam a viagem.A partir de hoje (27/10) até o dia 7/11 você pode nos entregar sua façanha-noise. Capriche.



# Quantos anos você tem? Bem, eu já estou perigosamente perto dos trinta, fui criança nos anos oitenta, e adolescente nos noventa. Já gastei muitas horas da minha existência gravando, em fitinhas k-7, compilações friamente calculadas para conquistar aquela amiguinha do prédio, ou mesmo para agradar a namorada nova. Era bom nisso, sucesso confirmado pelos resultados que a artimanha, quase sempre, rendia.
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Mas hoje, gastar mais de uma hora para montar a coletânea perfeita para a conquista de uma cópula romântica, é impensável. Eu nem tenho mais tape-deck, e as toneladas de fitinhas que acumulei durante mais de uma década de reproduções obsessivas, jazem esquecidas debaixo de algumas toneladas de lixo urbano, em algum aterro sanitário nos arredores de Goiânia. O dinamismo das gravações caseiras de CD-Rs soterrou aquela prática que antes cultivávamos com tanto cuidado.
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Enfim, adoro a tecnologia, e não tenho nenhum apreço por aquele saudosismo do tipo “no meu tempo é que era bom!”, mas gostei de lembrar desse passado recente, que já parece tão distante. E o motivo da lembrança foi o site Cassete From my Ex, que reúne histórias (e as coletâneas para ouvir) de fitas gravadas por ex-namorados. Torci para encontrar alguma história conhecida, mas soube me contentar com os contos alheios. Quase quis consertar meu toca-fitas...




Eu vou, mas eu volto.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Jogo do Contente

# O Violins, que resolveu se “aposentar” recentemente, depois que o baterista Pierre Alcanfor desistiu das baquetas, pode se desdobrar em dois novos nomes. Depois do fim da banda, Beto Cupertino Thiago Ricco e Pedro Saddi convidaram o baterista Zé Junqueira (Olhodepeixe) para formar um novo grupo, a priori com uma proposta bem diferente daquela que o Violins vinha desenvolvendo. Os experimentos já começaram, e até já ouvi a gravação de uma canção-protótipo, registrada durante um dos ensaios (mas que ainda não revelou a grande mudança). A novidade da vez é que, ao que parece, Pierre Alcanfor desistiu de abandonar a bateria e pode se “reconciliar” com Beto Cupertino, numa outra banda (que também não terá “nada” a ver com Violins). Ainda não há nada certo, mas se realmente isso acontecer, os fãs-órfãos do conjunto terão motivos de sobra para parar de lamentar, no Orkut, seu fim precoce.




Grato!
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# A banda mais legal do último fim de semana é a Grato!, que acumula os restos da extinta The Ugly, e fez o único show que me convenceu a permanecer dentro do teatro durante um set list inteiro, nessa última edição do festival Release Alternativo. Com quase mil membros em sua movimentada comunidade do Orkut, o grupo que ainda é quase um desconhecido na cidade, já prepara seu segundo álbum, e se inspira no pop britânico de guitarras, salpicando referências sutis à música brasileira, em meio às reminiscências de Radiohead, Muse e Rufus Wainwright, mistura que, creio eu, vai atingir em cheio os tais fãs-orfãos do Violins.


Se as guitarras não exalam a mesma aspereza do ex-grupo de Beto Cupertino, as referências compartilhadas e a associação entre vocais agudos, propositadamente frágeis, e uma paisagem instrumental asséptica, enxuta e minuciosamente atenta às melodias, garantem a comparação. Porém, músicas como Canção Clichê, Toda Minha Solidão, Tolo, Pulsar e Amargo descrevem uma postura bem mais positiva, escondendo um sutil discurso religioso por entre o lirismo-Pollyana. Já essa inocência, o Violins nunca teve.


# Já a música mais legal das últimas semanas, tão descartável quanto um I-Phone novinho, é 21 Century Life, primeiro single da estréia do cantor australiano Sam Sparro. O disco, batizado simplesmente com o nome do músico, é mais um desses que tentam reciclar a disco music com tempero electro-pop, comportamento rock e sotaque indie. Mas a diferença do Sam é que ele conseguiu fazer um álbum inteiro dessa mistura, sem soar repetitivo como o Gossip, nem.maçante como o Klaxons. Desde que os primeiros discos de Radio 4 e The Rapture saíram, que essa “nova” onda disco não dava um filho tão hábil em administrar timbres e beats, traduzidos em verdadeiras texturas temporais para a pista de dança.


21 Century Life, a canção, é uma espécie de elo perdido entre o baile pop do Tings Tings e aquele climão enfumaçado de inferninho dance dos melhores momentos do Justice. Já Wainting For Time e Cottonmouth botam a gravidade sensual da soul-music para conversar com o intimismo pós-moderno do trip-hop, enquanto Recycle It vêm disfarçado de R&B moderninho, cheio de uma saborosa marra funk.





É um disco para ser ouvido nos fones de ouvido, ou nas pistas de dança. Por enquanto fico com meus fones, mas no próximo dia 7, experimento ele na pista lá do Club 777, na Kill the DJ Especial de aniversário de 2 anos do Goiânia Rock News.




# O negócio é o seguinte: com atraso de algumas semanas, este blog amigo que você ora lê, celebra seu segundo ano de vida no ar, numa edição especial da festa Kill the DJ – The Rock Sessions. A farra, que costumava ser lá no Capim Pub, foi transferida para o 777, já que problemas com a fiscalização quase interromperam a última Kill, lá no clubinho punk. Portanto, dia 7 de novembro a pista da Casa das Artes (nome do prédio que abriga o 777), será ocupada pelos dj sets deste que vos bloga, da Bebel Roriz (Meninas do Rock) do Alessandro Ferro (ex-Os Gays) e do João Lucas (Johnny Suxxx & the Fucking Boys), além do Live P.A. do dj Abdala (residente do projeto 5ªAtiva). O ingresso vai custar a ridícula bagatela de 5 reais para os rapazes (com nome na lista), e será totalmente FREE para as garotas. Já já mais informações.




# Só pra avisar: Em exibição única, Arctic Monkeys At Apollo estará em cartaz durante a tarde de amanhã, quarta-feira, lá no cine Lumiére, no terceiro piso do Shopping Bougainville. O filme, rodado durante o último show da turnê mundial da banda, será exibido simultaneamente nos cinemas de cinco países - Inglaterra, Bélgica, Luxemburgo, Espanha e Brasil. Eu nunca fui um entusiasta do grupo de Alex Turner, ainda que o primeiro single de seu segundo disco, Brianstorm, seja divertido. De repente fujo do batente na quarta e dê uma passada lá no Bougainville. Quem sabe?






Até a volta

sexta-feira, outubro 24, 2008

Bingo!

Os ganhadores das últimas promoções, premiados com um ingresso VIP (com direito a um acompanhante) para o festival Release Alternativo, hoje lá no Martim Cererê, e mais dois ingressos para a Brutal Fest, que reúne duas dezenas de bandas furiosas amanhã, também lá no Martim Cererê, são:




# Mariana Neri Garcia de Paula Assis – Release Alternativo


# Filipe Silva de Paula – Brutal Fest


# Ewerton Vitor – Brutal Fest


Sendo assim, você, Mariana Néri, pode se dirigir hoje à portaria do Martim Cererê, munida de um documento com foto, e se identificar como a premiada na promoção Goiânia Rock News. Seu nome estará na lista de convidados, e você pode levar um amigo (a), que ele (a) também estará livre de pagar o valor da entrada.


Já vocês, Filipe Silva e Ewerton Vitor, poderão conduzir vossas camisetas pretas e caras de mau à mesma portaria do Martim Cererê, amanhã lá na Brutal Fest, e contar a mesma história (menos a parte de levar um amigo (a) na faixa). O prêmio é pessoal e intransferível, portanto levem um documento com foto para comprovar suas identidades.
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Boa festa para todos vocês.

quarta-feira, outubro 22, 2008

24 Hour Party People

# # O Skank, em 2008, é uma banda diferente daquela que explodiu no dial das efe-emes em 1994, depois de se apresentar no palco do extinto Hollywood Rock. Hoje em dia as efe-emes já não tem, nem de longe, o mesmo poder, e o Skank há muito abandonou a metaleira e o frenetismo festivo que tanto o caracterizou nos anos 90, e apontou sua parabólica para o pop de outros tempos, tanto o daqui quanto o da matriz. Filtrando sua mineirice por entre camadas de um suave psicodelismo, e enxertando grooves que trazem pra perto tanto o funk canastrão de Roberto Carlos e Tim Maia do começo dos seventies, quanto o desbunde dançante daquele Happy Mondays do fim dos eighties, o quarteto se reinventa a partir de suas próprias, e recentes, transformações, recordando sem constrangimentos sua fase mais saltitante.


O desenho da capa do disco novo, Estandarte, é do artista paranaense Rafael Silveira (vocalista e trompetista da banda curitibana Los Diaños, uma das atrações do Goiânia Noise de 2006), que se diz pautar pelo trabalho de artistas underground como Robert Crumb e Chris Ware, pelo pop surrealism de Kirsten Anderson, e pela publicidade dos anos 40/50.


Há dois dias que Estandarte toca insistentemente no player aqui do pecê, e até agora Chão, a faixa 3, é a melhor descrição desse novo momento do grupo: guitarras agridoces, beat pronto para as pistas, surpreendentes justaposições psicodélicas e uma delicadeza pop das mais refinadas. Mais um para as listas de fim de ano.


Antes que eu volte com aquele texto completo e chato, vai escutando a pérola da vez apertando o play aí embaixo. Me diz se não te lembra o Happy Mondays em seus melhores momentos:






* Update urgente: Parece que agora é sério (eu disse "parece"). O Guns n' Roses finalmente dá pistas de que o lançamento de Chinese Democracy, o disco mais caro da História (estimativa de 13 milhões de dólares de custo), e um dos mais demorados (14 anos de espera - só perde para o Smile, do Brian Wilson, que levou 40 anos para aparecer nas prateleiras), vai mesmo dar as caras depois de tantos alarmes falsos.


O grupo de Axl Rose disponibilizou hoje, em seu site, a primeira faixa oficial, que leva o mesmo nome do disco. Por se tratar de uma canção que levou quase 15 anos pra sair, confesso que não me impressionou em nada. Tudo bem que eu nunca fui um grande fã dos Roses (sempre preferi a matriz, o Aerosmith), mas depois de tanto blá blá blá ao redor desta história, a "decepção" era quase certa. Decepção entre aspas por que eu nunca queimei uma pestana que fosse, esperando pela democracia chinesa. Nem essa, nem aquela.


Mas vai lá no site do, outrora, supergrupo você também, escute e me diga se Appetite for Destruction não dá de 10 (e olha que não levou nem um quarto do tempo para ser gravado e lançado).


É Axl, acho que você envelheceu. Com tudo de ruim que isso traz a reboque.


* Update urgente 2 - Voltei aqui pra avisar de outro vazamento, dessa vez bem mais interessante. Trata-se do disco de estréia do Little Joy, banda que a metade mais talentosa dos ex-compositores do Los Hermanos montou junto com o Fabrizio Moretti (Strokes), e a namorada deste.

Ainda estou nas primeiras ouvidas, mas como já tinha 5 das 11 faixas rodando direto no player do pecê, posso dizer que o disco "solo" do Amarante é dos mais simpáticos, pra não dizer empolgantes. Como disse aqui outro dia, Brand New Start é uma das melhores canções do ano, ainda que soe vagamente como um single perdido de um momento inspiradíssimo dos Strokes (talvez pelo efeito que Amarante usa nos vocais).


Quer conferir se estou exagerando? Cique aqui e providencie você também um download. Depois me fale o que achou.


O track list é esse aí embaixo:


1. The Next Time Around
2. Brand New Start
3. Play the Part
4. No One's Better Sake
5. Unattainable
6. Shoulder to Shoulder
7. With Strangers
8. Keep Me in Mind
9. How to Hang a Warhol
10. Don't Watch Me Dancing
11. Evaporar




PROMOÇÕES: Brutal Fest X Release Alternativo*


* 1 - No próximo dia 24 acontece lá no palco do Martim Cererê a quarta edição do festival Release Alternativo, promovido pela Fósforo Cultural e que prioriza a novíssima produção roqueira local. Serão 14 bandas, sendo 12 grupos goianienses, mais Hebe e Os Amargos (PA) e Ophelia and the Tree (MG).

Goiânia Rock News sorteia um ingresso VIP para a festa (com direito a um acompanhante), e se você quer correr o risco de entrar na faixa e ainda convidar aquela sua vizinha (ou vizinho), faça como sempre, deixe anotado ali na caixa de comentários o seu nome, um e-mail válido e me diga, na sua opinião, qual a melhor das bandas novas de Goiânia. O resultado sai no fim da semana, antes da festa começar.



* 2 – A promoção do Brutal Fest, que vai sortear duas entradas para o baile do mal, ainda está de pé. Vai lá nos cometários e deixe nome, e-mail e me diga, na sua opinião, qual a melhor banda do metal nacional. O resultado também sai no fim se semana, e os ganhadores poderão retirar seus ingressos na Hocus Pocus, a lojinha udi-grudi que você tanto ama.


Vai lá, escolha uma das promoções (ou tente a sorte nas duas) e seja feliz. Quanto mais você pedir, mais chances tem de ganhar.



Já volto

segunda-feira, outubro 20, 2008

Touch me I'm Sick

# Segunda Feira - Dia finalmente nublado, depois de um final de semana crepitante.


Mudhoney
Foto: Yasmin Prado

# No sábado, lá no Martim Cererê, a Monstro Discos comemorou seu aniversário de 10 anos de vida com shows de todas as bandas de seu casting local, dividindo atenções com a lenda underground de Seattle Mudhoney, que fez um show bem melhor que o que o que eu vi em Brasília, ano passado. Os maiores problemas do Mudhoney nessa apresentação, lá no Distrito Federal, foram o tamanho do lugar (a gigantesca arena do festival Porão do Rock), e sua posição no line-up, fechando a noite, pouco depois de o Sepultura fazer um show destruidor.


O Mudhoney, que já conta uns 20 anos na estrada, funciona bem melhor em inferninhos como os teatros do Martim Cererê, tanto pelo intimismo esporrento de seu repertório, quanto pelo fato de sua popularidade ser mais seletiva que massiva. Nunca fui fã ardoroso do quarteto, mas depois de meia de um barulho tão genuíno, impossível não se deixar impressionar com o vigor e pressão que Arm, Turner, Maddison e Peters ainda imprimem em cada canção.


O outro grande show da noite foi da Black Drawing Chalks, que apresentou algumas músicas novas (fortes, cadentes e pesadas) em meio às canções de seu primeiro disco, Big Deal. Aliás, a BDC já garante lugar entre os melhores shows da cidade, desenvolvendo um mix poderoso de Black Sabbath, Corrosion of Conformity e Soundgarden ( e que ainda flerta com o hard rock), mas faz questão de uma caprichosa assinatura própria.


Mark Arm ainda voltou ao palco para acompanhar Fabrício Nobre nos vocais, durante a apresentação do MqN, e os Rollin Chamas transformaram o palco, mais uma vez, num salão de festas lotado, onde todo mundo se sentia à vontade para fazer o que bem entendesse. A essa hora o grosso do público já tinha procurado o caminho de casa, mas mesmo diante de poucas dezenas de humanos, a farra durou além do que gostariam os seguranças, e técnicos de som, ansiosos pelo retorno ao lar.

Eu mesmo deixei o teatro algumas vezes, acompanhando a procissão que aproveitava a promoção da cerveja, que teve sua menor cotação perto do fim da festa, valendo apenas um real por latinha depois do decreto bêbado de Márcio Júnior, que já havia se apresentado com o Mechanics, mas ainda habitava o palco dos Rollin Chamas.




# A reunião do pop latino – Acontece nos dias 27, 28, 29 3 30 de novembro (na semana seguinte ao Goiânia Noise), o festival El Mapa De Todos, que vai promover uma reunião inédita da música jovem feita na América do sul, e terá Brasília como cenário. Promovido pelo jornalista Fernando Rosa (capo do selo/site Senhor F) em parceria com a etiqueta portenha Scatter Records, o festival vai trazer ao Brasil nomes luminares do rock/pop andino como Turbopótamos (Peru), Los Mentas (Venezuela), La Quimera Del Tango e Babasónicos (Argentina), Javiera Mena (Chile), Danteinferno (Uruguai), Supertílio (Colômbia), além de dois representantes europeus, Azevedo Silva (Portugal) e Sr. Chimarro (Espanha). Entre os artistas brasileiros, já estão confirmados Marcelo Camelo (RJ), Macaco Bong (MT), Beto Só (DF) e Mundo Livre S/A (PE).


"O objetivo do evento é materializar a idéia crescente na sociedade, vista em várias outras áreas, de um processo de integração inédito na América do Sul. Pela primeira vez, os países da região começam a se olhar de maneira mais ampla", esclarece Fernando Rosa, que espera uma vida longa para o festival.


# O primeiro disco do Little Joy, o novo grupo de Rodrigo Amarante (ex-Los Hermanos), Fabrício Moretti (Strokes) e Binki Shapiro (namorada de Fabrício), deve alcançar o mercado dia 04 de novembro, pelo lendário selo britânico Rough Trade (Belle & Sebastian, Libertines, Strokes, Jarvis Cocker, Arcade Fire, etc...). Seis canções já escaparam para a web, e se Brand New Start é, fácil fácil, uma das melhores músicas do ano (carregada de uma adorável ingenuidade medida, que vai te fazer assobiar o dia inteiro, sem perceber), The Next Time Around ganha pela simplicidade melódica comovente e quase minimal, uma daquelas pop songs perfeitas para dias nublados a dois.


Até gostei do disco solo do Marcelo Camelo, mas o Little Joy conseguiu me deixar mais curioso, o que não é lá nenhuma novidade, já que sempre preferi as canções do Amarante às do Camelo, no Los Hermanos. Pelo jeito as coisas mudam mas continuam nos mesmos lugares.




# Depois de abandonar os metais em brasa e de fechar sua auto-intitulada trilogia da transformação – Maquinarama (2000), Cosmotron (2003) e Carrossel (2006) –, o Skank volta à tona com Estandarte, onde se reconecta com lembranças de seu próprio passado, reprocessada sob a ótica atual do grupo, que filtra tudo num tecido psicodélico sessentista, experimentando timbres e texturas eletrônicas para seu onirismo pop, bem temperado por guitarras agridoces e lirismo aguçado.


Aprendi a gostar dos três últimos títulos dos mineiros, e hoje acho Cosmotron um dos grandes álbuns do pop nacional dessa primeira década do novo século. Estandarte ainda está se acomodando nos meus ouvidos, mas a julgar por essas primeiras ouvidas, posso dizer que vai ser fácil gostar de mais essa aposta de Samuel Rosa e cia. Mais tarde voltamos a esse assunto.




PROMOÇÕES: Brutal Fest X Release Alternativo

* 1 - No próximo dia 24 acontece lá no palco do Martim Cererê a quarta edição do festival Release Alternativo, promovido pela Fósforo Cultural e que prioriza a novíssima produção roqueira local. Serão 14 bandas, sendo 12 grupos goianienses, mais Hebe e Os Amargos (PA) e Ophelia and the Tree (MG).

Goiânia Rock News sorteia um ingresso VIP para a festa (com direito a um acompanhante), e se você quer correr o risco de entrar na faixa e ainda convidar aquela sua vizinha (ou vizinho), faça como sempre, deixe anotado ali na caixa de comentários o seu nome, um e-mail válido e me diga, na sua opinião, qual a melhor das bandas novas de Goiânia. O resultado sai no fim da semana, antes da festa começar.


* 2 – A promoção do Brutal Fest, que vai sortear duas entradas para o baile do mal, ainda está de pé. Vai lá nos cometários e deixe nome, e-mail e me diga, na sua opinião, qual a melhor banda do metal nacional. O resultado também sai no fim se semana, e os ganhadores poderão retirar seus ingressos na Hocus Pocus, a lojinha udi-grudi que você tanto ama.


Vai lá, escolha uma das promoções (ou tente a sorte nas duas) e seja feliz. Quanto mais você pedir, mais chances tem de ganhar.


Até a volta...