Analytics:

sexta-feira, março 26, 2010

Atrás do Trio-Elétrico...

.
.
No fim dos anos 90, em Goiânia, a música urbana de acento rock colhia os primeiros louros de um trabalho tão sério quanto compromissado, acima de tudo, com a diversão. Num território de tradição agrária e sotaque caipira, o do it yourself não era opção política ou ideológica, era regra de sobrevivência cultural: quem quisesse rock, que o fizesse!




O florescer do novo milênio trouxe junto o reconhecimento nacional, que aplaudia o sucesso do modelo goiano enquanto testava uma integração inédita, que em pouco tempo seria traduzida num circuito de festivais que, transformados na principal vitrine da nova música brasileira, reverenciariam o Goiânia Noise como um de seus principais eventos.


E assumindo a posição de exemplo para o País, o Noise extrapolou também seus próprios limites locais: em fase de franco crescimento se viu obrigado a migrar, para abrigar com decência seu público crescente. O festival não mais cabia nas dependências do Centro Cultural Martim Cererê, espécie de templo do rock goianiense, apesar de seus três teatros (dois cobertos e um de arena).


A então iminente inauguração do nababesco Centro Oscar Niemeyer parecia ser a resposta ideal para aquele que havia se tornado, ano após ano, o mais relevante e orgânico produto cultural do Estado. Mesmo inacabado, o espaço foi inaugurado e “entregue” à sociedade. De 2006 a 2009, o que compreende três edições do festival, o espaço correspondeu às expectativas e abrigou o sucesso da festa (apesar das correrias burocráticas que sempre gelavam as espinhas de seus produtores), rendendo uma atenciosa admiração nacional, e reforçando o Noise como um festival modelar para o circuito.


Em 2009, com a polêmica acerca da incompletude das obras do Centro Cultural novamente trazida à tona, o poder público utilizou-se de suas prerrogativas e interditou o espaço alegando que, finalmente, as obras seriam concluídas. Interessados no funcionamento completo e efetivo do lugar, os produtores do festival armaram-se de mais algumas doses de credulidade e paciência, reformulando a programação e apertando novamente o festival no Martim Cererê.


Mas as obras nunca foram retomadas, e a controvérsia ganhou até as páginas da revista Época, em matéria que amplificou a indignação local, elevando o tema a uma freqüência nacional. E mais uma vez assumindo a vanguarda da questão, o rock de Goiânia se mobilizou para exigir que o espaço seja, de fato, concluído (e restaurado, já que o tempo nunca deixou de agir sobre as estruturas do lugar), reaberto e entregue à comunidade. À Frente do manifesto, cuja passeata pretende percorrer os cerca de 7 km que separam a Praça Cívica – sede do governo estadual, do Oscar Niemeyer, estão os principais selos do underground goiano, a Monstro Discos e a Fósforo Cultural, que apesar de falar em nome do rock não se furtam o direito de reclamar também em nome da sociedade como um todo, que, assim como a turma das guitarras, tem o direito (e, em alguns casos, até a obrigação) de ocupar e usufruir do C.C.O.N., multifacetando ao máximo sua vocação cultural em nome do desenvolvimento intelectual e artístico da cidade.


A divulgação da marcha, que será acompanhada de um trio-elétrico onde várias bandas da capital se apresentarão ao longo do trajeto, tomou vulto e o protesto recebeu apoio declarado de vários partidos políticos, oportunistas ou não, mas um irrevogável caráter suprapartidário é firmemente sustentado pelos idealizadores, que rechaçam com veemência a possibilidade de discursos eleitoreiros ou proselitismo político. Em artigo sobre a manifestação publicado hoje, sexta-feira, dia 26/03/10, em O Popular – o jornal de maior circulação em Goiás, Márcio Júnior, vocalista dos Mechanics e sócio da Monstro Discos, não deixa dúvidas: “E se você está com medo de que a manifestação se converta em palanque de malandro, por favor, compareça. Em nosso trio elétrico, político não sobe.”



Manifestação do povo rock pela
reabertura do Centro Cultural Oscar Niemeyer


Concentração na Praça Cívica, 27/03, a partir das 14 horas

Saída às 16 horas, rumo ao C.C.O.N..

Programação de shows do trio-elétrico:
15:00 – Johnny Suxxx and the Fuckin’ Boys
15:45 – Bang Bang Babies
16:30 – HellBenders
17:15 – Violins
18:00 – Mugo
18:45 – Black Drawing Chalks
19:30 – Mechanics
20:15 – Gloom
21:00 - MqN





Nenhum comentário: