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segunda-feira, março 21, 2011

Lei pela metade

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Quem vive a (ou de) cultura em Goiás, está duplamente eriçado nos últimos tempos. Não bastasse a política de antiquário da nova gestão do MinC – agora sob o comando da Ministra Ana de Hollanda, monolito buarquiano da velha cultura que, não querendo largar o osso, teme que a nova realidade os desaloje de seu olimpo –, o governador reeleito Marconi Perillo inverteu a matemática e cortou pela metade um orçamento que, em campanha, havia assumido o compromisso de dobrar.




Golpeados dupla e simultaneamente, não restou aos atingidos outra opção senão a mobilização (respaldada por várias siglas da sociedade civil) nascida da indignação contra a senilidade cultural do MinC e da repulsa ao coronelismo estadual de sempre, que pretende modelar o investimento estatal em cultura de acordo com conveniências nebulosas e não-culturais.


Engendrado em campo virtual, na lista de e-mails que ferve sob o nome de Fórum Permanente de Cultura, o movimento escapuliu para a vida real na última sexta feira, quando aconteceu a primeira reunião sobre as ações de confrontação, ali na sede do Centro Cultural Cara Vídeo. A ação pública inaugural, decidida na assembléia, é a manifestação que culminará em frente ao palácio Pedro Ludovico Teixeira (Centro Administrativo), marcada para o próximo 1º de Abril – dia da Mentira, e que pretende não só acusar o descumprimento do compromisso assumido pelo governador (e ignorado assim que viu garantido seu terceiro mandato), mas também oficializar um pedido de audiência com o próprio, numa tentativa de restabelecer o diálogo interrompido de forma unilateral.




O movimento, espontâneo e apartidário, se diz receptivo a todos e qualquer um que, a despeito de simpatias e colorações políticas, enxergue nas posturas Estadual e Federal uma curva para trás, e distinga o retrocesso cultural que elas representam: de um lado a União sinaliza contra o Creative Commons enquanto financia vacas sagradas da MPB – simbolicamente representadas pelo escândalo do blog milionário da Maria Bethânia; de outro, o governo estadual alivia sua responsabilidade cultural pela metade, deixando sem explicação todo um setor da sociedade que, antes das eleições, acolheu como compromisso sério um ato de franca politicagem. E tudo isso enquanto a própria Agepel, com a administração engessada pelo corte de recursos e pessoal, é ela própria um sintoma da falta de atenção governamental.


E mesmo que o goiânia rock news entenda que qualquer produção cultural genuína não possa jamais depender exclusivamente do patrocínio estatal - sob risco de acomodação e consequente dessubstanciação, entende também que o governo foi eleito para honrar suas responsabilidades no fomento e aporte das vocações culturais do Estado. E é por isso que este blog tem acompanhado as discussões do Fórum Permanente de Cultura, endossa as pautas atuais do movimento e confirma presença na manifestação do dia 1º.


Vejo você lá?



2 comentários:

Wilmar Ferraz disse...

O texto, Lei pela metade, é tudo de bom. Claro, objetivo e se transforma em mais uma ferramenta de mobilização dos Trabalhadores da Cultura e evidencia a luta do Fórum Permanente de Cultura nesse processo. Mas ele mostra um êrro que todos nós, com excessão da Deolinda, estamos cometendo: ignorar em nossos textos e ações os atos corruptos do gestor da Secretaria Municipal de Cultura-Secult. Os "gestores" da Secult transformou a secretaria em um enorme balcão onde ele atende seus apaniguados desrespeitando os princípios da impessoalidade, inosonomia, transparência entre outros princípios republicanos.
Penso que em todas as nossas ações e textos deveríamos usar um Fora Kleber! Se hoje os gestores da Agepel estão iniciando um trabalho, o Kleber está a 07 anos fazendo e desfazendo com o dinheiro público. Por isso FORA KLEBER

Anônimo disse...

que foi? os carguinhos conseguidos por nossos tutores culturais rockers depois da chupação de bagos que foi a eleição em Goiás não deu retorno? aquele comício chamado "Rock pelo Niemeyer" não surtiu efeito na mente iluminada do Nosso Coronel? GiGil só conseguiu segurar metade da Lei Goyazes? não vai ter repasse do governo pra Vacas e Noises? movimento espontâneo e apartidário? ah, tá.