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quarta-feira, junho 29, 2011

O filho pródigo

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Pois é, durante a semana passada eu não vim nenhuma vez aqui. Isso por que estava em São Paulo e nas pequenas folgas que me sobravam descobri que o hotel Excelsior tem a coragem de não disponibilizar conexão wireless nos quartos. E meu ânimo não me dava salvo conduto para trabalhar na recepção ou no restaurante, únicos lugares da estalagem com wi fi. Pra completar desembarquei em Goiânia trazendo o vírus de uma gripe nojenta que, por sua vez, trouxe uma febre a reboque, me deitou numa cama e ainda hoje me acompanha.





Mas percorrendo as veias do centro de São Paulo (que, como bem compara Slavoj Zizek, parece a paisagem pós moderna ideal para Blade Runner, com todos aqueles helicópteros circulando acima de um cenário de decadência exagerada), desviando do exército de zumbis sem-teto que ou jazem debaixo de cobertores fedidos ou cambaleiam atrás de um toco de cigarro jogado na sarjeta, e investigando os sabores que a cidade oferece (o hambúrguer de calabresa do Sujinho empatou com a picanha com brócolis do Lenharetto, mas não ganhou do espaguete à bolonhesa d'O Gato que Ri), arranjei tempo para ir ver o Macaco Bong no Studio SP e confirmar a banda como a coisa mais interessante do rock brasileiro atual, apesar de seus "ilustres" convidados da noite.



A sobrevida do projeto que nasceu da parceria entre os Bongs e o Siba, o naipe de metais do Móveis Coloniais de Acaju, o percussionista do Porcas Borboletas e o pianista prodígio Vitor Araújo, e que ganhou formato nobre com o ex-ministro Gilberto Gil, não funcionou na noite do último dia 23. Depois da abertura acachapante em que o trio desfiou parte do repertório de seu impressionante disco de estreia, André Frateschi subiu ao palco e, com vocais bem definidos divididos entre releituras de Jimi Hendrix e standards do rhythm and blues, quase convenceu, não tivesse forçado a barra com uma equivocada tentativa de emular o encontro do trio com Gil e, o pior, ter a coragem de submeter o Macaco Bong à uma canção do Paprika.


Depois de Frateschi sair de cena foi a vez de Miranda Cassim atrapalhar o show. E nem uma versão para a ótima "I Wanna Make It wit Chu" – do Queens of the Stone Age (com André de volta ao tablado), foi capaz de atenuar o embaraço, de modo que a apresentação só voltou à boa forma após os convidados deixarem o palco. Novamente sozinho, o Macaco Bong, como quem se desculpa pela espera torturante, apresentou músicas novas que prometem uma sequência à altura de Artista Igual Pedreiro, mas infortunadamente a banda logo convidou a dupla insípida para retornar ao picadeiro, o que, pra mim, equivaleu a uma despedida precoce.


No dia seguinte, sexta feira, fui conhecer a Casa Fora do Eixo – SP, instalada ali no bairro da Liberdade. O casarão enorme abriga, além de 18 moradores, uma espécie de caos organizado, já que se o funcionamento político-cultural é exemplar, o lugar não esconde certa displicência com o arranjo doméstico, mantendo uma atmosfera de quarto-de-adolescente em quase todos os cômodos. Dividida em seções (articulação política, centro audiovisual, sala multimídia, estúdio para transmissão de ensaios ao vivo etc...), curiosamennte é de dentro do eixo que a cúpula Fora do Eixo delibera as ações nacionais do coletivo, cuja maior vitrine atual foi a Marcha da Liberdade, movimento que tomou as ruas de várias cidades do Brasil no último dia 18 de junho, ganhou repercussão internacional e se impôs como pauta até da poderosa rede Globo.



Mas antes de chegar em São Paulo eu estava na cidade de Goiás, a antiga capital do Estado, espiando o FICA – Festival Internacional de Cinema Ambiental, e além dos filmes (dormi durante quase toda a exibição de 2012 – Time For Change), assisti o Violins cometer um show morno diante de uma plateia indiferente, e apostei certo na premiação de Teia do Cerrado como melhor curta-metragem goiano (como já foi mencionado no último post antes do recesso forçoso).






Un-Convention Argentina






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